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Torii

Talvez um dos símbolos mais famosos do Shintoísmo sejam os majestosos portais que marcam a entrada dos santuários. Feitos de madeira, metal, pedra ou cimento, os portais com duas pilastras são chamados de “torii” e delimitam a divisão entre o espaço secular e a área habitada por um kami. O ato de passar por um torii é visto como uma forma de purificação, o que é muito importante quando se visita um santuário.

No Japão, a cor vermelha representa o sol e a vida e, também se diz, que afasta maus presságios e desastres. Ao atravessar um torii, os visitantes são limpos de qualquer energia ruim, garantindo que apenas a energia boa seja traziada para o kami que ali reside.

Há uma variedade de toriis feitos de madeira sem laca, pedra (geralmente de cor branca ou cinza) e até metal. Embora haja um grande número de variações de cores, há um número ainda maior de formas (algo em torno de 60). Os dois tipos mais comuns, no entanto, são “myojin” e “shinmei”. Myojin torii são curvados para cima em suas extremidades e têm uma viga que se estende além das pilastras. Shinmei torii tem um topo reto e uma travessa que termina em cada pilastra.


Shimenawa

Shimenawa são cordas de fibra de arroz muitas vezes adornadas com tiras de papel brancas em forma de zig-zag (lembrando um trovão) e tassels naturais. São frequentemente vistas penduradas em toriis, amarradas em volta de troncos de árvores, de rochas ou até mesmo presas na cintura de lutadores de sumô. Geralmente em conjunto de três, são conhecidas como “yorishiro”, significando algo que atrai deuses ou tem um deus vivendo dentro de si. A shimenawa normalmente é usada para demarcar os limites do espaço sagrado, afastando os maus espíritos.


Shide

São os papéis brancos em zig-zag, muitas vezes pendurados na shimenawa, corda sagrada. Esses itens são frequentemente usados para separar o mundo secular do mundo sagrado. As decorações em forma de trovão são chamadas de “shide” (pronuncia-se “she-day”) e também são usadas em uma variedade de cerimônias de purificação.

Existem duas teorias que tentam decifrar o fato do shide ter a forma de raio. Uma afirma que a forma é representativa do poder infinito dos deuses e o outra sugere que, como a chuva e as nuvens, os trovões são elementos de uma boa colheita. A sombra, em forma de relâmpago, é uma oração aos deuses por uma estação de abundância.

Há uma variedade de diferentes varinhas adornadas com shide usadas no Shintoísmo, com diferenças sutis entre elas em termos de estilo. Duas dessas varinhas são chamadas “gohei” e “haraegushi.” As “miko”, mulheres que trabalham em santuários, usam a varinha gohei com dois shides anexados em rituais e cerimônias para abençoar as pessoas, mas o objetivo principal da varinha é abençoar objetos ou purificar objetos sagrados.


A varinha haraegushi, com muitos escudos anexados, é usada com o propósito de limpeza, mas sob circunstâncias diferentes. Um sacerdote xintoísta acena ritmicamente o haraegushi sobre uma pessoa ou objetos recém-obtidos por uma pessoa, como uma nova casa ou carro, para realizar este ritual de purificação.


Sakaki

Como a adoração da natureza é um elemento-chave do Shintoísmo, as árvores desempenham um papel importante. Certos tipos são considerados sagrados e são conhecidos como “shinboku”. Não muito diferente dos toriis, essas árvores que cercam um santuário criam um espaço sagrado que é considerado purificado. Embora existam alguns tipos de árvores que são consideradas sagradas, talvez não haja nenhuma mais importante do que a sakaki, uma espécie perene nativa do Japão. 

As árvores sakaki são comumente plantadas em torno dos santuários para atuar como uma cerca sagrada. Muitas vezes um ramo de sakaki é usado como oferenda aos deuses. Uma das razões pelas quais as árvores sakaki são consideradas sagradas pelo Shintoísmo tem a ver com o fato de serem sempre verdes e, portanto, símbolos da imortalidade. Outra razão importante está associada à uma lenda que conta que uma árvore sakaki foi ornamentada para atrair Amaterasu, a deusa do sol, para fora de seu esconderijo dentro de uma caverna.


Tomoe

O símbolo “tomoe” rodopiante pode lembrar o conhecido símbolo yin-yang da China. No entanto, o significado e o uso são bem diferentes. Tomoe, muitas vezes traduzido como “vírgula”, era comumente usado em distintivos japoneses de autoridades chamados “mon”, e, como tal, tomoe é associado aos samurais.

O tomoe pode apresentar duas, três ou até quatro vírgulas em seu design. O “mitsu-domoe” de três vírgulas, no entanto, é o mais comumente usado no Shintoísmo e representa a interação dos três reinos da existência: o céu, a terra e o submundo.


Shinkyo

O Shinkyo ou “espelho de deus” é um objeto místico que conecta o nosso mundo ao reino espiritual. O Shinkyo pode ser exibido em altares Shintoístas como um avatar do kami: a ideia é que o deus entrará no espelho para interagir com o nosso mundo. 

Essa crença remonta a uma lenda envolvendo a deusa do sol japonesa, Amaterasu, que uma vez se escondeu em uma caverna, mergulhando o mundo na escuridão. A fim de persuadi-la a sair da caverna, vários deuses se reuniram do lado de fora da caverna e fizeram uma festa. Os deuses penduraram joias e um espelho em uma árvore sakaki na frente da caverna para distrair a atenção de Amaterasu, caso ela se aventurasse do lado de fora. Curiosa com os barulhos festivos, Amaterasu espiou para fora da caverna e perguntou por que os deuses estavam comemorando. Em resposta, ela foi informada de que havia uma deusa ainda mais bonita do que ela fora da caverna. Ao sair, a deusa foi recebida por seu próprio reflexo no espelho, momento em que os outros deuses aproveitaram a oportunidade para fechar e selar a caverna com uma shimenawa.


Esse mesmo espelho foi dado mais tarde ao neto de Amaterasu com as instruções para adorá-lo como se fosse a própria Amaterasu. Dessa forma, não se reza necessariamente para um shinkyo, mas sim para o deus daquele santuário para o qual o espelho está agindo como um avatar físico. O shinkyo é considerado um “shintai”, um substituto físico que o kami pode habitar no reino humano. A caverna descrita na lenda, na verdade é um lugar real, chamado de Santuário Amanoyasugawara, na província de Miyazaki, no Japão.


Shinto

No Shintoísmo costuma-se dizer que “o homem é filho de kami”. Primeiro, isso significa que as pessoas recebem a vida por kami e que sua natureza é, portanto, sagrada. Em segundo lugar, significa que a vida diária é possibilitada pelos kami e, portanto, as personalidades e as vidas das pessoas são dignas de respeito. Os indivíduos devem reverenciar os direitos humanos básicos de todos (independente da raça, nacionalidade e demais distinções), assim como os seus próprios. 

Shintoísmo significa literalmente kami-no-michi ou “o caminho dos kamis” (numa tradução literal, o poder divino ou do sagrado). A filosofia espiritual do Shinto entrou em uso para distinguir as crenças nativas japonesas das do budismo, que havia sido introduzido no Japão no século VI dC. O shintoísmo não tem fundador, nem textos ou escrituras sagradas oficiais, nem dogmas fixos, mas preservou suas crenças orientadoras ao longo dos tempos. 

O conceito biblíco do pecado original não é encontrado no Shinto. Pelo contrário, considera-se que a humanidade tem uma natureza primariamente divina. Na realidade, porém, essa natureza sagrada raramente é revelada nos seres humanos. A purificação é considerada, simbolicamente, para remover a confusão e incertezas que povoam a mente dos indivíduos. Entendemos que a definição de Shintoísmo como o “Caminho dos Deuses” é incompleta. O caminho dos kamis, das energias e manifestações sagradas, para nós faz mais sentido. 

Criamos peças que têm o objetivo de ajudar a encontrar um dos vários caminhos do Shinto. E você logo vai entender que nossas criações não são eternas e muito menos, joias tipo adorno. Elas são um instrumento para refletirmos sobre o que há dentro de nós, do nosso comportamento e a forma de pensarmos. Quando as fibras naturais de sua peça se desfizerem, será compreendido que o que interessa não é o talismã, mas a força de vontade que se coloca nele para seguir o caminho do bem.

Natureza e Variedades

O Shintoísmo é encontrado principalmente no Japão, onde existem cerca de 80.000 santuários públicos, embora os praticantes também estejam espalhados pelo mundo. A ligação entre os kamis e o mundo natural levou o Shintoísmo a ser considerado animista. 

A crença cultiva a harmonia entre os humanos e kami (sempre solicitando a bênção desse último). O Shintoísmo apresenta um grande foco conceitual em garantir a pureza, principalmente por meio de práticas de limpeza, como lavagem ritual e banho, especialmente antes do culto. Pouca ênfase é colocada em códigos morais específicos ou crenças particulares sobre a vida após a morte, embora os mortos sejam considerados capazes de se tornarem kami. 

A veneração dos kami remonta ao período Yayoi do Japão (300 aC a 300 dC), embora tenha sido sugerido que o conceito possa ser mais antigo do que isso. O budismo entrou no Japão no final do período Kofun (300 a 538 aC) e se espalhou rapidamente. O sincretismo religioso tornou a adoração de kami e o budismo funcionalmente inseparáveis, em um processo chamado shinbutsu-shūgō. Os kami passaram a ser vistos como parte da cosmologia budista e foram cada vez mais representados antropomorficamente. 

Nos séculos seguintes, o shinbutsu-shūgō foi adotado pela família imperial do Japão. Durante a era Meiji (1868 a 1912), a liderança nacionalista do Japão expulsou a influência budista do culto ao kami e formou o Estado Shintoísta, que alguns historiadores consideram como a origem do Shintoísmo como uma religião distinta. Os santuários ficaram sob crescente influência do governo e os cidadãos foram encorajados a adorar o Imperador como um kami. Com a formação do Império Japonês no início do século 20, o Shintoísmo foi exportado para outras áreas do leste da Ásia. Após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, o Shintoísmo foi formalmente separado do Estado.

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